Crianças assintomáticas podem transmitir a malária aos mosquitos

As crianças infectadas com a malária podem se tornar ‘propagadores’ e passar o parasita para multidões de mosquitos locais, mesmo que as crianças nunca desenvolvam os sintomas da doença, sugere um novo estudo. 

Uma vez que esta doença é transmitida de humanos para mosquitos e vice-versa, ao invés de pessoa para pessoa, essa descoberta é preocupante.

Se a malária não for tratada nessas crianças assintomáticas, os parasitas continuarão a circular entre os mosquitos, mesmo em locais que empregam controles intensivos da malária, como inseticidas, mosquiteiros e testes de diagnóstico e tratamentos gratuitos.

Crianças assintomáticas podem transmitir a malária aos mosquitos
Foto: (Reprodução/ Internet)

De acordo com a nova pesquisa, apresentada quarta-feira (18 de novembro) na reunião anual da Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene (ASTMH), mesmo um pequeno número de crianças infectadas pode transmitir os parasitas da malária a uma multidão de mosquitos, que podem então ir para infectar mais humanos.

De sua nova pesquisa em Uganda, os pesquisadores concluíram que crianças assintomáticas entre 5 e 15 anos são a principal fonte de infecção de mosquitos locais na região que estudaram. 

Em experimentos em que os mosquitos foram alimentados com amostras de sangue de pessoas infectadas, mais de 60% das infecções resultantes do mosquito puderam ser rastreadas até quatro crianças assintomáticas, duas das quais em idade escolar. 

Apesar de algumas crianças terem se infectado com múltiplos clones de malária durante o estudo, essas crianças nunca adoeceram e continuaram a levar uma “vida normal.

Crianças assintomáticas podem transmitir a malária aos mosquitos
Foto: (Reprodução/ Internet)

A malária está bem controlada na região que a equipe estudou, mas se os esforços de controle falharem ou cessarem, essas crianças podem potencialmente alimentar um ressurgimento da doença na área. 

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As infecções assintomáticas da malária representam 80% ou mais dos casos detectados por meio de exames abrangentes em áreas onde a doença circula regularmente.

Embora os cientistas concordem que os mosquitos contraem a malária tanto de pessoas sintomáticas quanto assintomáticas, há uma dúvida se um tipo de infecção é mais ou menos infeccioso que o outro. Em busca da resposta, os autores do estudo viajaram para o distrito de Tororo, em Uganda. 

Crianças assintomáticas podem transmitir a malária aos mosquitos
Foto: (Reprodução/ Internet).

A malária já foi incrivelmente comum em Tororo; até 2011, cada residente foi picado cerca de 310 vezes por ano por mosquitos infectados com malária.

A equipe recrutou 531 adultos e crianças de 80 domicílios e os monitorou para malária por dois anos. Todos os meses, eles realizaram testes de diagnóstico e coletaram amostras de sangue dos participantes; o sangue foi testado para parasitas da malária e depois usado em experimentos de alimentação de mosquitos.

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Ao longo do estudo, a equipe detectou 148 episódios de malária – 38 sintomáticos e 110 assintomáticos. Eles realizaram quase 540 experimentos de alimentação de mosquitos com sangue de 107 das pessoas infectadas, usando um aparelho que mantém o sangue quente com água circulante.

Crianças assintomáticas podem transmitir a malária aos mosquitos
Combate à malária. Foto: (Reprodução/ Internet).

Em cada experimento, dezenas de mosquitos eram soltos em um recipiente com o aparelho, de onde podiam acessar o sangue por meio de uma membrana que imitava a pele humana. 

Posteriormente, a equipe dissecou os mosquitos alimentados para ver quantos foram infectados, e a grande maioria das infecções estava ligada ao sangue de pessoas assintomáticas. 

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No geral, os pesquisadores estimaram que as crianças de 5 a 15 anos representam cerca de 57% do reservatório infeccioso, o que significa que carregam a maioria dos parasitas que podem infectar os mosquitos com malária. 

Seguindo as crianças em idade escolar, as crianças menores de 5 anos representam 27,5% do reservatório, enquanto aquelas com 16 anos ou mais representam os 15,7% restantes.

Traduzido e adaptado por equipe Saibamais

Fonte: ScienceAlert