Brasil: Incêndios destroem lar de uma das aves mais raras do mundo

Santuário brasileiro, lar de 15% da população mundial de araras azuis, foi consumido por incêndios – e há temores pelo bem-estar das aves raras.

É muito triste ver décadas de trabalho da minha família, anos cuidando e preservando a natureza, para que isso aconteça”, disse Ana Maria Barreto, proprietária do São Francisco do Perigara, uma fazenda de gado e santuário de pássaros com mais de 61.000 hectares no estado de Mato Grosso.

Mais de 70% da vegetação da fazenda foi destruída pelo incêndio.

É a maior população conhecida de araras livres do mundo”, disse Barreto à CNN.

Entre 700 e 1.000 araras azuis viviam na fazenda.

A população mundial total de araras-azuis é estimada em cerca de 6.500 aves, segundo o Instituto Arara Azul, que defende a preservação ambiental. As aves estão ameaçadas de extinção e vivem na natureza apenas no Brasil.

Foto: (reprodução/internet)

A maioria das aves pode ter voado para locais mais seguros, disse Neiva Guedes, presidente do instituto.

Eles conseguem escapar dos incêndios porque voam, mas logo ficarão sem comida e isso é o que achamos que os afetará mais.”

As araras-azuis sobrevivem de frutas e nozes e “conforme a floresta queima, também queima sua comida”, acrescentou Guedes.

Os incêndios aumentaram desde 1º de agosto.

Foto: (reprodução/internet)

Na segunda-feira, as autoridades disseram que os incêndios mais próximos das áreas de nidificação das araras foram controlados, mas que ainda podem acender novamente, devido às altas temperaturas e condições áridas.

Uma região protegida, rica em biodiversidade

O santuário está localizado no Pantanal, a maior área úmida tropical do mundo, que se estende por dois estados do Brasil, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Composta de mais de 37 milhões de hectares, sua rica biodiversidade é reconhecida na constituição do Brasil e também pela UNESCO.

Foto: (reprodução/internet)

Mas também é uma região que tem sido alvo de incêndios, visando derrubar árvores e arbustos para criar pastagens.

Em 16 de julho, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro assinou um decreto proibindo incêndios no Pantanal por 120 dias, após pressão de dezenas de investidores internacionais que ameaçaram se desfazer de empresas brasileiras, a menos que fossem tomadas medidas para conter a destruição.

Mas, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foram detectados 3.121 incêndios na região nos primeiros 15 dias de agosto, ante 1.690 em todo o mês do ano passado.

Traduzido e adaptado por equipe Saibamais

Fonte: CNN