Cientistas descobrem o que acontece em nossos cérebros quando fazemos uma ‘suposição fundamentada’

Dar palpites fundamentados (suposição fundamentada) é algo que todos fazemos todos os dias – mas até agora os cientistas não entenderam totalmente como esses saltos na lógica são processados ​​no cérebro.

Agora, uma nova pesquisa em ratos e humanos sugere que os neurônios podem efetivamente ‘juntar os pontos’ entre dois pensamentos para descobrir algo.

Se você está procurando por um amigo chamado Sam, por exemplo, e Sam está sempre com Ben, e Ben está na biblioteca, faz sentido que Sam esteja na biblioteca também. Parece uma ideia simples, mas no nível dos neurônios pode ser bastante complexa.

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(andresr / Getty Images)

“Na vida cotidiana, muitas vezes inferimos conexões ou relações entre diferentes coisas que vemos ou ouvimos”, diz a neurocientista Helen Barron,  da Universidade de Oxford, no Reino Unido. “Portanto, mesmo quando não sabemos toda a história, podemos fazer uma estimativa fundamentada juntando os pontos.

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“Embora esse processo seja crucial para a vida cotidiana, até agora, não sabíamos como as células em nossos cérebros são capazes de formar ligações entre experiências separadas.”

Na parte humana do estudo, 22 voluntários jogaram um jogo de realidade virtual em que sons específicos foram associados a imagens coloridas e, em um jogo subsequente, encontrar essas imagens significaria uma recompensa em dinheiro.

Dificuldade de enfrentar problemas impede que eles sejam resolvidos; mude isso - 31/07/2012 - UOL Universa
Foto: (Reprodução/ Internet).

Os participantes logo começaram a inferir uma ligação mais direta entre os sons e os prêmios – quando ouvissem o som, começariam a buscar a recompensa.

Um teste semelhante foi realizado em ratos, onde os pesquisadores tocaram um som para os animais ao acender uma luz LED e, posteriormente, associaram essa luz a um lanche.

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Assim como os voluntários humanos, os ratos foram capazes de conectar o som com a recompensa, juntando os pontos entre dois experimentos diferentes.

Nem os voluntários humanos nem os ratos foram informados diretamente de que som é igual a recompensa, mas a capacidade de seus cérebros de fazer estimativas bem informadas os ajudou a fazer a conexão necessária de qualquer maneira.

Então, o que estava acontecendo com seus neurônios?

Neuronios GIF | Gfycat
Foto: (Reprodução/ Internet).

Os exames de ressonância magnética humana   mostraram que a  região do cérebro do  hipocampo – já ligada ao aprendizado e à memória – é responsável por fazer suposições (como onde Sam provavelmente estará em nosso exemplo anterior), de acordo com os pesquisadores.

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Com os ratos, o estudo foi capaz de olhar ainda mais de perto: ao registrar a atividade celular individual, foi mostrado que os cérebros dos ratos eram capazes de ‘pular’ a etapa intermediária da luz LED, indo direto do som para a recompensa, quando estavam descansando.

Os neurônios ligados ao som e os neurônios ligados à recompensa tornaram-se ativos juntos.

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“Ao realizar experimentos semelhantes com ratos e pessoas, este trabalho mostra que o processo de estabelecer uma ligação entre eventos separados é comum a ambas as espécies”, diz o neurocientista David Dupret , da Universidade de Oxford.

Cuatro problemas matemáticos que parecen sencillos pero nadie ha podido resolver
Foto: (Reprodução/ Internet).

“E ao trabalhar com ratos, é possível examinar o que está acontecendo no cérebro de um mamífero no nível de células individuais.”

Não é certo que essa atividade celular esteja acontecendo em nossos cérebros também, mas o experimento de RV sugere que sim – e que quando estamos dormindo ou descansando, nosso cérebro está usando esse tempo para construir ligações entre os neurônios que nos ajudam a entender o mundo e preencher lacunas de conhecimento.

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“Nossos resultados sugerem que o processo é muito semelhante nas pessoas e isso tem implicações importantes”, diz Barron.

Isso sugere que os períodos de descanso e sono desempenham um papel importante na criatividade, onde extraímos insights de experiências anteriores para apresentar ideias originais.”

A pesquisa foi publicada originalmente na Cell.

Traduzido e adaptado por equipe Saibamais

Fonte: ScienceAlert