À medida que a pandemia do coronavírus se arrasta, as ondas subsequentes de infecções atingem níveis surpreendentes e mais pessoas estão perdendo entes queridos.
Independentemente de como cada país escolheu enfrentar este desafio, as economias estão lutando, fazendo com que as empresas falhem e tirando o sustento das pessoas.
Nosso mundo está gritando por uma vacina como nunca antes.
Mas agora um grupo de pesquisadores alertou que pelo menos quatro do lote atual de vacinas em potencial em testes clínicos envolvem um componente que pode aumentar o risco das pessoas de contrair o HIV.
Uma dessas vacinas candidatas passou no teste de fase 2 em agosto e está prestes a passar por um grande estudo de fase 3 na Rússia e no Paquistão.
O alerta vem de uma equipe de cientistas liderada por Susan Buchbinder, professora da Universidade da Califórnia em São Francisco que dirige a Pesquisa de Prevenção do HIV no Departamento de Saúde Pública de São Francisco.
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A equipe passou por um problema semelhante em primeira mão enquanto tentava desenvolver uma vacina contra o HIV.
As vacinas requerem uma espécie de veículo para levá-las aos locais exigidos. Isso é chamado de vetor e é esse componente da vacina que está causando alguma preocupação.
Vários candidatos à vacina de coronavírus estão usando adenovírus como esses vetores. Por exemplo, em um ensaio, um adenovírus geneticamente modificado está sendo usado para entregar o código do gene das proteínas de pico do coronavírus, para que nosso sistema imunológico possa aprender a reconhecer o pico e, portanto, o SARS-COV-2, como um invasor
Os adenovírus são geralmente inofensivos, além de causar resfriados, e outras vacinas têm usado com sucesso diferentes versões modificadas deles como vetores, sem qualquer evidência de aumento do risco de HIV.
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Mas quatro vacinas candidatas a coronavírus estão usando um vetor chamado Ad5 (adenovírus recombinante tipo 5), e foi isso que causou problemas na vacina contra o HIV.
Uma década atrás, quando Buchbinder e seus colegas tentaram fazer algo semelhante para proteger contra o HIV, dois testes levaram os homens a ter um risco aumentado de contrair o HIV, especialmente se já haviam sido infectados com Ad5 no passado.
Embora o mecanismo por trás disso ainda não esteja claro, um estudo de 2008 sugere que pode ter algo a ver com o aumento da ativação do sistema imunológico, fornecendo ao HIV mais células como alvo.
A boa notícia é que a comunidade científica está discutindo esse risco, e esse é o tipo de reação adversa que os testes podem ajudar a descobrir.
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Depois que as vacinas passam por testes clínicos, elas têm um histórico incrível de serem muito seguras. No caso da vacina contra o HIV da Buchbinder, esse vigoroso processo de teste funcionou como deveria para detectar os problemas com a vacina antes de ela ser lançada.
Equipes de pesquisadores em todo o mundo estão trabalhando duro para garantir que isso também seja aplicado no desenvolvimento de uma vacina COVID-19.
Até agora, vários ensaios de vacinas foram interrompidos para reavaliação sobre questões de segurança.
Esperançosamente, nem todos os testes terão esses problemas. O mundo inteiro está observando de perto.
Traduzido e adaptado por equipe Saibamais
Fonte: ScienceAlert